Gênesis - A família de Jacó

"Vendo Raquel que não dava filhos a Jacó, teve inveja de sua irmã, e disse a Jacó: Dá-me filhos, se não morro. Então se acendeu a ira de Jacó contra Raquel, e disse: Estou eu no lugar de Deus, que te impediu o fruto de teu ventre?" (Gn 30:1-2)

Jacó tem agora duas esposas e adquire mais duas concubinas escravas de Léia e Raquel. Estas quatro mulheres lhes deram doze filhos e uma filha.

A metade dos filhos de Jacó é da esposa com quem não teve a intenção de casar. Léia foi a mãe natural de Rubem, Simeão, Levi e Judá e cessou de ter filhos (Gn 30:32-35). Mais tarde foi mãe de Gad e Aser com sua escrava Zilpa (Gn 30:10-13). Depois concebeu Isacar, Zabulon e Diná (Gn 30:19-21).

Cada gesto de Jacó mostrava, inclusive para sua mulher Léia, que Raquel era a mulher que ele realmente amava. Apesar de já ter filhos com Léia, só tinha olhos para a sua Raquel.

O amor de Jacó não foi suficiente para Raquel. Ela era estéril e infeliz. Enquanto sua irmã Léia dava muitos filhos a Jacó. Por não ter filhos o seu desespero se tornou tão intenso que disse a Jacó: "Dá-me filhos, se não morro”. Jacó irado disse-lhe: “Estou eu no lugar de Deus, que te impediu o fruto do teu ventre?" (Gn 30:1-2). Assim como Sara que deu sua serva Agar para ter um filho com Abraão, Raquel não esperou no Senhor e deu sua serva Bila a Jacó. Ele, então, teve dela dois filhos, Dã e Naftali (Gn 30:3-8).

O casamento com as duas irmãs trouxe dificuldades, ciúmes e conflitos. A competição entre elas era constante. Quando a serva de Raquel teve o segundo filho, esta disse que com grandes lutas havia prevalecido (Gn 30:8). A passividade de Jacó em sua casa alimentava a rivalidade e a competição entre suas mulheres e contribuía para que houvesse dor, frustração e competição.

Léia, a mulher mais velha e desprezada era um trágico retrato de dor, ódio e desapontamento. Raquel era a esposa amada, mas sentiu-se ameaçada quando a irmã gerava filhos enquanto ela era incapaz de conceber. Quando expressou sua insegurança a Jacó, ele “ficou irritado” (Gn 30:2). Em desespero, Raquel entregou sua serva a Jacó, e ela lhe deu um filho (Gn 30:4-5). Léia então elevou o valor das apostas e também acrescentou sua serva à confusão (Gn 30:9). O conflito chegou às raias do ridículo quando Léia pagou a Raquel pelo privilégio de passar uma noite com o próprio marido (Gn 30:16). Jacó, por se negar a agir como um marido sensível constrangeu as quatro mulheres a uma vida deplorável.

Entre todos os enganos de Jacó, um dos piores foi o favoritismo que ele mostrou para com Raquel. É evidente que Léia não era a mulher que ele queria, ainda assim, era casado com ela. Também não parecia se preocupar com todos os filhos que tinha com Léia. A rivalidade e o ciúme entre os irmãos eram estimulados quando favorecia o primeiro filho de Raquel e desprezava os outros. O ódio era tanto que chegaram a vender o primogênito de Raquel, como escravo.

Finalmente, quando Raquel pode dar um filho a Jacó, chamou-o de José, que significa "que ele acrescente", dizendo: "Acrescente-me o Senhor ainda outro filho" (Gn 30:24).

Raquel teve o seu pedido de ter mais um filho respondido pelo Senhor. Apesar de ter reconhecido que sua façanha foi por Deus, ela não deu graças e continuou preocupada consigo mesma querendo recuperar o tempo perdido, talvez pensasse em ter tantos filhos quanto Léia, por isso não agradeceu a Deus, mas disse: ”que  o Senhor me acrescente outro filho” (Gn 30:23-24). Este seu pedido custou a sua vida, pois ao dar à luz o seu segundo filho, ela teve dificuldades. Morreu chamando seu filho de Benoni, mas Jacó o chamou de Benjamim (Gn 35:18-19).

Raquel foi sepultada no caminho de Efrata, onde Jacó erigiu uma coluna sobre sua sepultura (Gn 35:19-20).

Léia sozinha teve seis filhos, entre eles Judá, de quem saiu Jesus o salvador. Os outros filhos de Jacó são formados pelos filhos das gentias Bila e Zilpa, mais os filhos da amada Raquel. As servas Bila e Zilpa tiveram quatro filhos, os quais representam os gentios na formação da casa de Israel. Léia e Raquel edificaram a casa de Israel (Rt 4:11).

A alegria de Léia foi poder ter dado a Jacó seis filhos e uma filha e saber que o Senhor estava com ela em todos os momentos de sua vida. Léia foi obrigada pelo pai a casar-se com Jacó, enganando-a e fazendo com que fosse rejeitada por toda a sua vida. Não foi a amada, mas foi a admitida e colocada no lugar de honra ao lado do marido, o qual foi responsável pela decisão (Gn 49:31).

Léia morreu algum tempo depois de Jacó regressar com a sua família à terra de Canaã. Conforme a tradição, Léia foi sepultada na Caverna Macpela, em Hebron como foram os demais descendentes da família, Jacó, Abraão e Sara, Isaque e Rebeca.

A união de Jacó e Raquel não terminou no estilo "feliz para sempre". Quando deixou Harã, vinte anos depois de haver chegado lá, Jacó havia adquirido grandes riquezas em termos de rebanhos e gado. Mas sua relação sofreu muitas provações e dificuldades. Apesar das condições nem sempre terem sido ideais, seu amor nunca sofreu. Ao que parece, seu forte amor o capacitou a suportar todas as dificuldades. A morte prematura de Raquel não diminuiu o amor do Jacó por seus filhos, mas o exaltou.


Se Jacó somente houvesse vivido de acordo com os princípios do Deus a quem seguia, sua a vida teria sido melhor. 

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