“Israel amava mais a José do que a todos
os seus filhos,
porque era filho de sua velhice: e fez-lhe
uma túnica de várias
cores.” (Gn 37:3)
Da união de Jacó com Léia e Raquel foi formada uma família
com doze filhos e uma filha. Nessa grande família Jacó tinha suas preferências
e as demonstrava claramente. Rubem seria o herdeiro natural do direito a
primogenitura, mas não Foi reconhecido devido um relacionamento sexual com
Bila, a concubina de seu pai (Gn 35:22). Simeão e Levi, segundo e terceiro na
linha de sucessão, foram desconsiderados por causa de violência em Siquém (Gn
34:25-30). Judá, o quarto da linha sucessória teria o direto à primogenitura.
Os preferidos de Jacó eram José e Benjamim, frutos de sua
união com a amada esposa Raquel. José, o mais velho entre os dois, apesar de
ser o décimo-primeiro filho, foi presenteado pelo pai com uma túnica de
diversas cores (Gn 37:3), o que era o distintivo de favoritismo e,
possivelmente, a indicação do direito de primogenitura (I Cr 5:1-2). Nesta
época, José era um jovem de dezessete anos de idade (Gn 37:2) o filho favorito
de Jacó (Gn 37:3).
A
túnica foi vista como um símbolo da grande predileção de Jacó por José, fazendo
com que seus irmãos o odiassem a ponto de não poderem falar com ele sem rancor
(Gn 37:4).
Os filhos de Jacó percebiam que o pai amava mais a José e
ficaram com ciúmes. Preferir um filho em detrimento de outro provoca divisões e
ressentimentos na família. Para agravar a situação, o jovem José tinha sonhos
em que seus irmãos e até seus pais, inclinavam-se perante ele, demonstrando,
assim, superioridade sobre seus irmãos (Gn 37:5-10).
José ajudava seus irmãos mais velhos e servia de mensageiro
entre eles e o pai. Certa ocasião, quando os irmãos mais velhos apascentavam os
rebanhos em Siquém, distante sessenta quilômetros do acampamento, Jacó,
preocupado com a segurança dos filhos, enviou José para verificar se estavam
bem e trazer noticias a respeito deles (Gn 37:12-14).
José saiu pelo campo à procura dos irmãos e estes quando
viram o sonhador se aproximar conspiraram contra ele. Essa era a oportunidade
que esperavam para se livrarem de José. Primeiro pensaram em matá-lo (Gn
37:18), mas a intervenção do irmão mais velho, Rubem, não permitiu que o
ferissem de morte e simplesmente tiraram sua túnica e o jogaram numa cisterna
seca (Gn 37:21-24).
Ao
se assentarem para um lanche, avistaram uma caravana de ismaelitas
comerciantes, viajando em direção ao Egito com suas mercadorias. Judá, então, sugeriu que ao invés de matar seu
irmão, o vendessem como escravo, assim se livrariam de José e não ficariam com
o peso de sua morte em suas consciências (Gn 37:25-27).
Houve
concordância de todos, menos Rubem, que estava ausente e venderam José aos
ismaelitas por vinte moedas de prata, que o levaram para o Egito. Ao voltar,
Rubem não encontrou José onde havia deixado, então rasgou as suas vestes
demonstrando mágoa e temor (1 Rs 21:27), indignação (2 Rs 5:7), ou desespero
(Jz 11:35; Et 4:1). Ele não sabia onde se esconder para livrar-se da ira de seu
pai, pois sendo o mais velho, ele seria responsabilizado pelo desaparecimento
de seu irmão (Gn 37:29-30).
Então
mataram um bode, molharam a túnica em seu sangue, e mandaram seus servos
levá-la a Jacó dizendo que a haviam achado. Não tiveram a coragem de
mencionarem o nome do irmão, somente disseram que acharam aquela túnica e que
Jacó verificasse se pertencia a seu filho ou não (Gn 37:31-32).
Jacó
reconheceu a túnica que havia presenteado a José, concluiu que ele tinha sido
atacado por alguma fera e certamente foi despedaçado (Gn 37:33). Então se
lamentou Jacó por muitos dias e ficou inconsolável com a perda de seu filho
favorito (Gn 37:34-35). Jacó, que tantas vezes enganou, foi enganado mais uma
vez, de forma amarga e cruel ao acreditar na mentira dos filhos (Gn 37.33).
Foram três as razões para o surgimento de barreiras entre
José e seus irmãos.
- Era o preferido do pai, era íntimo, recebeu mais
ensinamentos sobre Deus, era um jovem obediente e informava o pai sobre os atos
perversos cometidos por seus irmãos e isso gerava ciúme, ódio e ressentimentos;
- Tinha sonhos que indicavam superioridade sobre os irmãos,
isso parecia um absurdo para eles (Mt.19.30); e,
- Não era amado pelos irmãos, embora fosse a família
escolhida por Deus, eram problemáticos.
A
preferência por alguns dos filhos em detrimento de outros era um dos grandes
problemas de Jacó. Isso trouxe muito sofrimento à família. Eram as
consequências negativas da poligamia.
A poligamia, as preferências e a divisão dentro da família
explicam o fato da aversão dos irmãos por José. Eles o invejaram (Gn 37:11),
odiaram (Gn 37: 4-5,8) e resolveram matá-lo (Gn 37;18). Uma sequência de males
crescentes. José não morreu por que Deus interveio a seu favor.
José sonhou com o propósito de Deus. Contudo, sua história
tomou uma direção contrária ao que Deus havia prometido. Foi ameaçado de morte,
lançado numa cisterna e vendido como escravo. Viveu momentos difíceis quando
estava no fundo da cisterna. Quando achava que tudo estivesse perdido, Deus
providenciou para que seus irmãos não o matassem.
Deste episodio da vida de José tira-se a lição que somente
Deus pode tirar o homem do “fundo do poço”. Quando não há solução aparente,
Deus providencia o livramento para aquele que crê em suas promessas de vida
abundante (Jo 10:10).
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