"Prossegui Deus: Toma agora teu
filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas; vai a terra de Moriá, e oferece-o
ali em holocausto sobre um dos montes que te hei de
mostrar." (Gn 22:2)
O nascimento de Isaque, cujo nome significa
"riso", foi promessa do Senhor para Abraão e Sara (Gn 18:10). Após o
nascimento de Isaque, seu irmão bastardo Ismael, com quatorze anos de idade e
sua mãe Agar, foram expulsos da casa de Abraão. O motivo foi por Ismael ter
zombado de Isaque, que contava com cerca de cinco anos, no dia da grande festa
de seu desmame. A história do povo judeu seguiu a linhagem do filho legitimo de
Abraão (Gn 21:12). Abraão pediu a Deus para trazer a benção ao primogênito(1)
Ismael (Gn 17:18), mas Deus recusou-se escolhendo o unigênito(2) Isaque que abençoaria toda a semente espiritual de
Abraão (Gn 17:21). Sendo, assim, um elo vital na linhagem que levaria a Cristo
(Mt 1:1).
Depois de ter sido desmamado, o livro de Gênesis nada diz
sobre a infância de Isaque. Seu nome reaparece quando Deus disse a Abraão que
oferecesse Isaque em holocausto (Gn 21:1). Nesta época Isaque era um jovem de
aproximadamente vinte e cinco anos e foi instrumento da maior prova de fé de
Abraão.
O texto causa a
impressão de uma contradição de Deus. Ele prometeu que através de Isaque
levantaria uma grande nação (Gn 17:20) e mais tarde ordenou que Abraão o
oferecesse em holocausto (Gn 21:2). Abraão não sabia como Deus conciliaria as duas afirmações. Isso não era de sua alçada, sua
obrigação era obedecer. As consequências seriam por conta de Deus.
Começava ali o calvário de Abraão. Na realidade uma prova
para ajudá-lo a crescer espiritualmente. Abraão precisava sacrificar um pouco
mais, ou muito mais. Depois da experiência de cortar na própria carne, Abraão
precisou encarar a decisão de sacrificar o seu próprio filho. Certamente,
nenhuma ordem de Deus tinha sido tão difícil até então. Aquela foi uma oportunidade
de Abraão conhecer um pouco mais a si mesmo.
De outro modo, ele jamais saberia do que seria capaz em sua caminhada
com Deus. Foi o maior desafio de Abraão para provar a sua fé.
Ao avistar o lugar do holocausto Abraão ordenou a seus
empregados que esperassem ali enquanto ele e seu filho adorassem e voltassem
(Gn 22:5). Esta citação esclarece a fé do patriarca, pois estava convicto de
que, mesmo que Isaque morresse, Deus haveria de ressuscitá-lo (Hb
11:18-19).
O texto bíblico não diz se Abraão conhecia os procedimentos,
mas sabia que Deus lhe ordenou que sacrificasse o seu amado filho. No quarto
dia, ao chegar ao lugar determinado, Abraão construiu um altar, colocou a lenha
em ordem, amarrou Isaque pelas mãos e pelos pés e o colocou sobre a lenha.
Quando Abraão ergueu o cutelo, o anjo do Senhor deteve a sua
mão (Gn 22:12:). A fé de Abraão não fora mal depositada; Deus forneceu um
cordeiro, que estava preso numa moita daquele monte, para que pudesse ser
apresentado como oferta queimada em lugar de Isaque. (Gn 22:14). Naquele
momento amargo, Abraão, que acreditava na provisão divina, pôde experimentá-la
de fato. Abraão conheceu a Deus um pouco mais: o Deus da provisão. Com isso
Deus ampliou o seu pacto com Abraão transferindo-o para Isaque (Gn 22:17;
26:1-5).-
A história do Antigo Testamento sobre Abraão é a base do
ensino do Novo Testamento referente a expiação de Jesus na cruz pelo pecado da
humanidade. Jesus disse: “Abraão, vosso
pai, exultou por ver o meu dia, e viu-o, e alegrou-se” (Jo 8:56).
A experiência de Abraão e Isaque no monte Moriá pode ser
comparada ao sacrifício de Jesus. Abraão
pode ser visto como “tipo"(3) de
Deus, o Pai. Isaque representava
Jesus. Assim como Isaque carregou a
lenha enquanto subia (Gn 22:6), Jesus carregou a cruz ao subir o monte Calvário
(Jo 19:17); a ordem para Abraão oferecer
seu único filho em holocausto (Gn 22:2) é comparada com o oferecimento do
Unigênito de Deus (Jo 3:16); o cordeiro para o holocausto (Gn 22:7) e o
cordeiro que tira o pecado do mundo (Jo 1:29); Isaque, o filho, agiu em
obediência ao seu pai em se tornar o sacrifício (Gn 22:9); Jesus orou: “Pai meu, se este cálice não pode passar de
mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade” (Mt 26:37). Também pode ser
comparada com a ressurreição, Isaque como símbolo (Hb 11:17-19) e Jesus em
realidade (1 Co 15:4).
A Bíblia mostra
semelhanças entre Abraão, pai e Deus Pai: Ambos tinham um filho amado (Mt 3:17:
Gn 22:2) que nasceram milagrosamente; ambos tiveram filhos dispostos a se
oferecerem em sacrifício (Jo 10:18); ambos ofereceram seus filhos no mesmo
lugar (Jo 3:16); Gn 22:10); ambos receberam seus filhos de volta.
Isaque,
além de ser um símbolo(4)
de Jesus Cristo, é um símbolo do homem
salvo, do novo homem em
Cristo Jesus (II Co
5:17). Deus não usa o primeiro nascimento, o homem natural, como
Ismael, (Jo 3:3) É o homem que
nasceu de novo que Deus sempre usa e quem tem escolhido para abençoar.
O título
Jeová-Jiré é um dos grandes nomes de Deus no Antigo Testamento e significa “o
Senhor proverá”.
Isaque é descrito como o filho medíocre de um grande pai e o
pai medíocre de um grande filho, Jacó. A ação principal de sua vida realizou-se
em cinco lugares: Foi submisso no monte como oferta em holocausto (Gn 22:1-4);
no campo de Hebron foi um esposo amante (Gn 24:67), sepultou seu pai (Gn 25:9)
e orou a Deus pedindo um filho (Gn 25:21); esteve num lar filisteu, mentiu
sobre sua esposa, imitando seu pai (Gn 26:1-11); foi um trabalhador diligente
quando reabriu os poços que os servos de seu pai abriu, os quais foram
entulhados pelos filisteus (Gn 26:18-33) e como Abraão não quebrou o acordo de
não agressão que mantinha com o rei Abimeleque (Pv 16:7); e, já velho e com os
olhos enfraquecidos foi um pai frustrado (Gn 27:1-46).
Não se diz muito
da vida de Isaque, além do incidente com Abimeleque e Rebeca e da contenda dos
poços. Herdou de seu pai imenso rebanho prosperou e enriqueceu. Foi um homem
pacífico e teve uma vida sem muitas novidades.
Nasceu quando Abraão tinha cem anos e sua mãe noventa. Aos trinta
e sete anos morreu sua mãe e com quarenta anos casou-se (Gn 25:20). Tinha sessenta anos quando nasceu Jacó (Gn 25:26). Quando
Abraão morreu Isaque contava com setenta e cinco anos. Morreu aos cento e
oitenta anos de idade (Gn 35:28).
Isaque não tivera uma grande vida, mas seus longos anos lhe
davam o direito às homenagens de seus filhos, que esqueceram seus ciúmes e
contendas ao se reunirem junto ao seu esquife
(Gn 35:27-29).
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(1) - Primogênito: O filho mais velho.
(2) - Unigênito: Único gerado por seus pais. Filho único
(4) - Símbolo: É um fato que ensina uma verdade moral
É impressionante a obediência do pai e do filho, caminhando juntos 3 dias e só tocaram no assunto 1 vez. Eles estavam diante de uma situação que exigia fé.
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