Gênesis - Longevidade

“Todos os dias de Matusalém foram novecentos e nove anos; e gerou filhos e filhas.”
Gn 5:27)

Mesmo tomando literalmente o texto de Gênesis 5, há dúvidas quanto a idade avançada dos patriarcas antediluvianos. È comum o questionamento de como o homem podia viver tantos anos naqueles tempos. A média de idade dos patriarcas listados no referido texto era de novecentos e doze anos. Vários fatores, sem dúvida, contribuiu para este fenômeno incrível.

Assim como um câncer lentamente em desenvolvimento precisa de vários anos para destruir um corpo saudável, assim é como os resultados físicos no corpo humano. Antes do dilúvio aparentemente existia nas camadas superiores da atmosfera muito mais vapor d'água que temos hoje. Esse vapor, embora invisíveis ao olho nu, trabalhava como um filtro protetor da radiação solar intensa que caía sobre a terra. A investigação científica tem demonstrado que a radiação pode reduzir significativamente a vida útil dos tecidos acelerando o processo de envelhecimento. Após o dilúvio desapareceu o manto aquoso protetor que passou a cair em forma de chuva.

Outro fator era a contagem do tempo não ser como na atualidade. A terra era tida como centro do universo, acreditava-se que o sol e os outros astros giravam em torno dela. Os períodos de vida não eram contados pela rotação da terra e sim pelo ciclo lunar. Isso fazia com que a vida de um homem de sessenta anos tivesse passado cerca de setecentos e oitenta ciclos. Existe, ainda, a teoria de que os primeiros anos se compunham de cinco meses de trinta dias cada um, e antes disso houve anos de um mês, ou o que é o mesmo, que o período da revolução da lua equivalia a um ano. Conforme esta teoria, os novecentos e trinta anos de Adão equivaleria a idade de setenta e quatro anos anos, segundo cálculos baseados nas lunações (revolução sinódica) no ano astronômicos (revolução trópica). Aqui fica uma dúvida se realmente a idade era contada de acordo com esta teoria, porque, quando Adão gerou a Set, tinha vivido cento e trinta anos o que equivaleria a aproximadamente dez anos de idade, o que seria impossível.

Outra teoria diz que as idades eram referentes a dinastias, mas o texto informa que cada personagem viveu certo numero de anos, gerou filhos e morreu. O argumento desta teoria é fraco e facilmente derrubado tendo em vista que dinastias não morrem.

No versículo 3, do capítulo 6, do livro de Gênesis, devido a corrupção do gênero humano, Deus estabelece que os dias do homem seriam limitados em 120 anos. Parece referir-se a um prazo final de oportunidade antes do dilúvio ou podem significar a extensão da vida, agora reduzida em comparação com o período referido no capítulo 5.

É possível crer na literalidade das idades relatadas no texto bíblico. Devido a necessidade do povoamento da terra, os homens deveriam ter uma vida longa para se multiplicarem e as condições climáticas favoreciam a longevidade. Mesmo após o dilúvio alguns personagens bíblicos alcançaram idades acima de quatrocentos anos.

Depois do dilúvio a duração da vida foi diminuindo gradativamente dos 900 anos de Gênesis 5, para 600 (Gn 11:10-11), 400 (Gn 11:14-15), 200 (Gn 11:20-21), até os tempos de Moisés quando reconheceu que a vida se limitaria entre 70 ou 80 anos e disse: “a duração de nossa vida é de setenta anos; e alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos” (Sl 90:10). Apesar disso Moisés morreu com 120 anos (Dt 34:7). José, filho de Jacó, viveu 110 anos (Gn 50:26) e Davi viveu por 70 anos (2 Sm 5:4).

A Bíblia não é a única a falar da idade dos antigos. Além dos babilônios, os povos persas, egípcios, hindus, gregos e outros mencionam a longevidade dos primeiros habitantes da terra. De onde vieram essas menções, se não de fatos de os primeiros homens realmente viverem muito.

Beroso, historiador babilônio de 300 a.C., baseado nos arquivos do Templo de Marduque, copiados de inscrições primitivas, muitos dos quais tem sido descobertas, mencionou dez reis longevos de antes do dilúvio, que reinaram, cada um, de dez mil a sessenta mil anos: Aloros, Alaparos, Amelon, Amenon, Megalaros, Eudoraco Amenpsinos, Otiartes, Xisutro. Nos dias de Xisutro, diz Beroso, ocorreu o grande dilúvio. (MANUAL BÍBLICO, H.H.Halley).

O Prisma Dinástico de Weld, foi o primeiro esboço conhecido na história Universal. Escrito em 2170 a.C. por um escriba que se assinava Nur-Ninsubur, ao fim da dinastia de Isin, fornece uma lista inteira de reis desde os primórdios da raça até aos seus dias, incluíndo os dez reis longevos de antes do dilúvio. Acha-se hoje no Museu Ashmoleano de Oxford.

As placas de Nipur, encontradas entre 1888 e 1900, dão milhares de anos para cada reinado e nomeiam os reis antediluvianos com os nomes sumerianos, os mesmos que Beroso traduziu para o grego.

Escavações arqueológicas em ruínas de cidades antediluvianas trazem a luz aspectos da época dos primeiros capítulos de Gênesis.

Por desconhecimento alguns afirmam que a longevidade bíblica é impossível, mas para os que crêem prevalece a vontade de Deus, independente dos fatores e teorias que tentam tornar o texto bíblico em erro.