Hipocrisia



"Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque estais semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundice” (Mt 23:27)


No dia 1° de janeiro telefonei a um amigo que encontrava-se em outro estado, na casa de parentes, para desejá-lo um bom ano. Alguém do outro lado da linha disse-me que este amigo havia viajado para uma cidade há cerca de 250 quilômetros dali. Em seguida telefonei para o seu celular e ao atender disse-me que estava naquela localidade o tempo todo sem dali sair. Logo percebi que havia sido enganado por alguma pessoa hipócrita que não queria permitir que eu conversasse com meu amigo.

Os dicionários da língua portuguesa, definem a palavra “hipocrisia” como a “característica do que é hipócrita; falsidade; dissimulação; ato ou efeito de fingir, de dissimular os verdadeiros sentimentos, intenções; fingimento, falsidade; caráter daquilo que carece de sinceridade”. A etimologia do termo revela outros significados muito interessantes: a origem é grega “hupókrisis”, que significa a ação de desempenhar um papel, uma peça, uma pantomima; desempenho teatral, declamação; dissimulação, falsa aparência.

Há pessoas que mostram-se para nós como bonzinhos, mas não passam de dissimulados. Formam “panelinhas” com a finalidade de tirar os amigos de nosso convívio sem escrúpulos algum, e para isso usam do cinismo, da falsidade, do egoísmo, da traição, da mentira, das fofocas, enfim, atos hipócritas que atropelam qualquer um que esteja atrapalhando seus planos.

Infelizmente, o ser humano é assim mesmo. Quer passar para os outros que é uma pessoa pura, mas agem de maneira mesquinha e com atitudes egoísticas, não permitindo que outras pessoas possam confraternizar com aqueles dos quais pensam serem suas “propriedades”. Somos seres humanos cheios de falhas. E, ao invés de analisarmos essas falhas e evoluirmos, fingimos ser o que gostaríamos, o que imaginamos que os outros vão aprovar, enchemos nossa vida de hipocrisia.

Como cristãos somos o “sal da terra e a luz do mundo” (Mt 5:13-14) e devemos evitar comportamento semelhante aos que usam de artifícios espúrios para obter vantagens pessoais e sociais. Quando buscamos apresentar uma imagem de nossa pessoa melhor do que realmente somos, bancamos o hipócrita. O cristianismo apresenta um Cristo perfeito para homens imperfeitos. Não há engano em Cristo. NEle não há desonestidade ou fraude. Cristo não é hipócrita. Ele amava a verdade. Ele praticava a verdade. E ele é a verdade. Jesus criticou severamente o pecado da hipocrisia, especialmente com relação aos religiosos de Sua época, os escribas e fariseus.

Hipocrisia é pretensão, fingimento, dissimulação, cinismo. Está presente em todos os segmentos sociais. Mas a nossa hipocrisia não engana a Deus. A Bíblia diz em Lucas 16:15: “E Ele lhes disse: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações; porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” A hipocrisia tem motivos duvidosos. E, Mateus 6:2, diz: “Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.”

Em “A Hipocrisia do Ser”, o escritor e ensaísta francês, Michel E. de Montaigne (1533-1592), in 'Ensaios - Da Vaidade', ao falar sobre a hipocrisia da sociedade de sua época, diz: “Da mesma folha de papel onde acabou de escrever uma sentença de condenação de um adultério, o juiz rasga um pedaço para enviar um bilhetinho amoroso à mulher de um colega”. É a questão do “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.”

A hipocrisia causa decepção, incredulidade, mágoas, amarguras, desilusão, ira e pode ter efeitos prejudiciais por longo tempo. Muitos indivíduos têm sido machucados e desapontados por atitudes hipócritas de outrem.

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